domingo, 26 de janeiro de 2014

Melares

Olhos redondos, enormes, infantis. Olhares que expressam nada, mas tornam-se súplicas sem esforço algum. Encantam, hipnotizam; sabem medir a sua profundidade. Não muito intensos mas que perfuram, são água atravessando um fina folha de seda, alcançando o outro lado, aquele que era pra ser tão inacessível. Magos desdobrando alguém, sugando. Esses olhos, conseguindo tudo o que desejam, também fazem de mim uma pessoa apaixonada. Alguém que cria especulações a partir de um simples olhar e faz dele o cenário para inúmeras cenas de amores trocados. 
 Não há mais o que falar sobre esses olhos. Além de enormes, infantis e causadores de uma destruição. Controversos. Os amo, os odeio. Nós formados em meu corpo que se multiplicam cada vez que um desses olhares é jogados sobre mim. Eles me enlouquecem por me fazerem largar meus próprios coiceiros e querer segui-los nos próximos becos.  Tenho a plena consciência de que os próximos palcos a serem encontrados não serão os mais belos,  mas o poder que o olhar tem me faz ignorar esse fato. Eu os quero, e eles desejam que eu caia em sua teia.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entre cafés

Passadas em círculos que volteiam sempre para o mesmo lugar onde apenas o nada o preenche. Um desespero, talvez. Letras flutuando no meio do nada, dores de cabeça que não conseguem ser evitadas, alegrias que se misturam e não de sabe mais o que aconteceu, o que é a irrealidade e o que seria ocorrências verídicas. Encantando, mente para a esperança de chegar a outro lugar, mas tudo acaba no vazio agonizante. Fumaças de um mesmo tom misturando-se junto as letras que nada dizem, mas tudo significam. Um vício inacabável;  rói as profundezas onde somente ele deseja reinar. Derruba vontades próprias, um vírus apossando-se da nova cápsula. O vazio continua lá, apesar do caos que permanece dentro dele. Uma paz que nunca será alcançada serpenteia pelas periferias daqueles círculos, procurando uma brecha para adentrar ou um lugar para se esconder. A segunda opção é mais provável,  uma vez que o vício nunca será largado por aquele que o possuiu.
Ele morre. Ora, não há espanto. Já estava fadado a morrer por aqueles caminhos que não levam a lugar nenhum, uma anarquia sem greta para escapatórias e hipnotiza levando a crer que nada passa de um imenso vazio puro e sem enigmas. As dores se escondem por aqueles vazios, os círculos estufados de confusões ot explodem a cabeça. O vicio, a partir daí,  passa para um estágio pior. Só o morto pode se livrar, apesar de parecer ser tarde demais para os demais que adormecem e o observam em meio à seus sonhos agitados. Ele não foi capaz de escapar da onda lunática, o encobriu por completo e o levou a correr viciado em círculos fumegantes onde há letras soltas formando palavras por todos os lados. Nenhuma parede visível o prendia ali, mas as grades de seu vício nunca o deixariam ir.