segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

É muito que digo, respiro, espero
Só de quero, esmero sincero
E tão severo
Me espeto.

Resta respirar, soltar, voar
Resta largar e não estar
Resta o resto do que foi inteiro
O resto que restou do que havia
E não se queria

Negar adiantar-se-ia
Se falsa seria
Concordar em sabedoria
Valorizar-se-ia

Olhar, fechar.
Trancar, não terá.
Mas desejar, não fará.
E liberta está.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ele

Ele disse que me amava
Eu fazia nada
Apenas me culpava
E lágrimas chorava

Por não merecer
Sequer pude aceitar
Mas por fazer sofrer
Só pude me martirizar

De não seis eu vivo
De amores eu espero
Se tornando perigo
Se tornando eu quero

sábado, 26 de julho de 2014

Estar à mercê deste poder

Quando a alegria se faz presente
Em um corpo de tristeza prepotente
Seria essa a esperança
Ou seria essa a discrepância?

Entre positivos e negativos,
Guerreando, ambos se sufocam.
Pois forças iguais,
não se enfrentam jamais.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Só deixe-me em meio ao alvoroço delicioso, antes de cair em livre poço perigoso

 É o amor que me destrói. O medo de senti-lo, de envolve-lo e de logo me quebrar aos pedaços. Reprimir pensamentos em meio ao desejo, que talvez em algum lugar saiba de que são puro amor, mas a preferência de deixa-los serem apenas algo leviano é maior. Afogá-los, sem nunca ter me machucado, mas machucar inconscientemente essa pureza envolvente - entretanto liberar a desejosa serpente, que se enrosca trazendo a insanidade. Água vem a ser vinho, toques livres que seguem por aqui e ali em corpo e mente. Mente essa que repudia qualquer lembrança amorosa, mas traz à tona aquelas fervorosas. Capaz de recordar com clareza cada espasmo sentido em determinado momento, trazer sorrisos sedentos carregados de pudor e, por que não, dor.
 Ainda está lá, perdido ou preso em algum lugar, o amor que era para sentir e que constantemente é mascarado por sarcasmo e sexo. É tudo que importa. Apenas satisfação carnal, por mais que seja banal. O único amado seria então o leve pecado, onipresente em cada célula desse pequeno ser existente, que pouco sabe o que lhe espera, tão pouco deseja esperar saber. Surpresa é buscada, por mais que a ansiedade que a antecede seja odiada, pois é, se não, sinônimo de amor. E desse sentimento apenas antônimos são bem vindos, por mais que a caminhada seja sempre lado a lado, de mãos dadas.
 Embora a perversão me domine, embora a malícia me influencie, o subestimado estará sempre presente. Tendo total conhecimento deste preso sentimento, continuo a afogá-lo, a destruir o que já está gravado e de alguma forma jamais será apagado. Já faz parte, já nos tem quando nasce e jaz aqui um corpo que talvez amou e, porém, o matou.


sábado, 28 de junho de 2014

Overdose

 Entre palpitações, maldições que se pregam não desgrudam. Loucura que passa, que vem, que não larga. Este estado vegetativo, impede de pedir socorro, que seja à uma taça de vinho, à um maço de cigarros fracos. Trêmulas sensações que sucumbem ao negro, ao obscuro florido indesejável. Liberdade, onde estaria? Largada, suja, ferida. Não esquecida, mas impedida de adentrar. E que falta faz.
 Desejar, odiar, e então apenas aguentar. É periculoso, não menos doloroso, ainda sim virtuoso. Repuxões que se retorcem na mente, tonalidades tingidas de cores iguais, não mais especiais. Existe, existiria um óbice a se erguer. Não há forças, e tudo que resta é aquela intrusão. Indefinida, indesejada.
 Respiração. Maltrapilha, frágil, demonstra o que deveria estar enterrado,é inevitável. E de repente, tornar-se vital...





quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ultimato


 Sentimentos controversos.
 Ou confusa estou.
 Deixam-me seguir, deixam-me entrelaçar; Prendem-me, mas me deixam libertar-me.

 Libertar-me para onde? Caminhos...
 Caminhos sem volta, caminhos enrolados, caminhos cegos

 Prendem-me. À que?

 Choros que não são escutados.
 Ignorados, agora gritam.

 Se estar é ser, não estou em lugar nenhum
 Perdida, presa e, no entanto, liberta.
 Em mistifório.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Não mate meu ego, é a única coisa que prezo

Editado.

O egoísmo que não permite dividir meras balas de café, esse mesmo egoísmo que impede de partilhar a vida. Guardar para mim mesma a alegria, a vontade de viver, pois coisas boas pertencem à mim e não partilhadas com alguém - mesmo que tudo aconteça na presença de alguém. E assim, como venho desejado ficar sozinha; sonhar sozinha; amar sozinha; uma erma alegria, uma falsa alegria... Que apenas confirma tudo aquilo que venho sondado, o egoísmo me amarra e tenho aceitação de estar amarrada. De querer ser eu, e estar em mim a importância.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Melares

Olhos redondos, enormes, infantis. Olhares que expressam nada, mas tornam-se súplicas sem esforço algum. Encantam, hipnotizam; sabem medir a sua profundidade. Não muito intensos mas que perfuram, são água atravessando um fina folha de seda, alcançando o outro lado, aquele que era pra ser tão inacessível. Magos desdobrando alguém, sugando. Esses olhos, conseguindo tudo o que desejam, também fazem de mim uma pessoa apaixonada. Alguém que cria especulações a partir de um simples olhar e faz dele o cenário para inúmeras cenas de amores trocados. 
 Não há mais o que falar sobre esses olhos. Além de enormes, infantis e causadores de uma destruição. Controversos. Os amo, os odeio. Nós formados em meu corpo que se multiplicam cada vez que um desses olhares é jogados sobre mim. Eles me enlouquecem por me fazerem largar meus próprios coiceiros e querer segui-los nos próximos becos.  Tenho a plena consciência de que os próximos palcos a serem encontrados não serão os mais belos,  mas o poder que o olhar tem me faz ignorar esse fato. Eu os quero, e eles desejam que eu caia em sua teia.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entre cafés

Passadas em círculos que volteiam sempre para o mesmo lugar onde apenas o nada o preenche. Um desespero, talvez. Letras flutuando no meio do nada, dores de cabeça que não conseguem ser evitadas, alegrias que se misturam e não de sabe mais o que aconteceu, o que é a irrealidade e o que seria ocorrências verídicas. Encantando, mente para a esperança de chegar a outro lugar, mas tudo acaba no vazio agonizante. Fumaças de um mesmo tom misturando-se junto as letras que nada dizem, mas tudo significam. Um vício inacabável;  rói as profundezas onde somente ele deseja reinar. Derruba vontades próprias, um vírus apossando-se da nova cápsula. O vazio continua lá, apesar do caos que permanece dentro dele. Uma paz que nunca será alcançada serpenteia pelas periferias daqueles círculos, procurando uma brecha para adentrar ou um lugar para se esconder. A segunda opção é mais provável,  uma vez que o vício nunca será largado por aquele que o possuiu.
Ele morre. Ora, não há espanto. Já estava fadado a morrer por aqueles caminhos que não levam a lugar nenhum, uma anarquia sem greta para escapatórias e hipnotiza levando a crer que nada passa de um imenso vazio puro e sem enigmas. As dores se escondem por aqueles vazios, os círculos estufados de confusões ot explodem a cabeça. O vicio, a partir daí,  passa para um estágio pior. Só o morto pode se livrar, apesar de parecer ser tarde demais para os demais que adormecem e o observam em meio à seus sonhos agitados. Ele não foi capaz de escapar da onda lunática, o encobriu por completo e o levou a correr viciado em círculos fumegantes onde há letras soltas formando palavras por todos os lados. Nenhuma parede visível o prendia ali, mas as grades de seu vício nunca o deixariam ir.